quinta-feira, 6 de maio de 2010

As Velas Sempre Queimam Até o Fim


Os olhos são abertos, à frente está um quarto escuro, uma sensação úmida na pele...

Percebo que não, meus olhos não estão fechados, mas mesmo assim os pisco só para ter certeza que de não há vendas neles, talvez até com o desejo interior de que haja e eu perceba que é só tirar e tudo voltará a ficar claro novamente. Doce desejo vão...

Se você passar muito tempo na escuridão se acostumará a ela, até mesmo percebendo que não se trata de um Buraco Negro, sem a ausência total da luz, mas de um breu, desses que encontramos em noite sem luar.

Tateio ao meu redor e não encontro nada. Sigo em frente com minhas mãos e encontro alguns objetos que sem vê-los não sou capaz de saber a utilidade. Continuo em passos cuidadosos, tentando prever o que haverá em minha frente na ânsia de proteger-me de algum perigo iminente. Encontro uma vela.

Mas o que faz uma vela por si, sem a chama que irá lhe acender o pavio? Oras, mais um obstáculo à frente, só que agora ele não é sem esperança, pode haver em algum momento, se eu me tornar atenta, algo que possa acendê-la.

Continuo com meus passos tortos e sem direção precisa, somente tenho o maior cuidado para não deixar passar despercebida a possibilidade de achar aquilo que acenderá a vela que tenho nas mãos, cuidando dela como uma jóia preciosa; E quando tudo parecia ter sido tocado e nada parecia algo que desenvolvesse a chama, eis que lhe encontro, bem ali na minha frente, um fósforo único numa caixa vazia... Sim, só ele, solitário, ímpar, abandonado e desamparado. A princípio tenho receio de usá-lo por dois motivos: O primeiro é que ele possa ser desperdiçado e eu não consiga acender a vela, sem perceber o que de verdade existe em minha volta. O segundo é a contradição disso, que a vela seja acesa e eu perceba o que realmente exista ao meu redor. Vou arriscar... Risquei! E lá estava à chama em sua perfeição, transmitindo calor e com um cenário visual entre amarelas e púrpuras cores.

Se você já esteve muito tempo no escuro, saberá o que eu senti quando veio luz à minha frente, uma sensação ruim as olhos, como se tudo se ofuscasse fazendo com que, como um ato reativo, eu cobrisse os olhos com as mãos, abrindo aos poucos pra se acostumar com a claridade. E eu me acostumei a ela, da mesma forma que me acostumei ao que vi, senti e tive em minhas mãos, enquanto pude ver e sentir com o coração. Mas uma vela sempre queima até o fim, e assim foi como já era esperado.

Não me encontro mais em um quarto escuro, pois como lhe contei com o tempo você descobre estar apenas sob uma noite sem luar, não procuro mais a mesma vela, porque ela não se acende novamente, e mesmo que da cera que sobrou fosse feita outra vela ela não iluminaria com a mesma intensidade e beleza como da primeira vez. A única diferença é que não sinto e nem a vejo mais... Talvez por que os nossos corações não batem mais em um único coração.

terça-feira, 4 de maio de 2010

[Des] Encontros


Disse há algum tempo atrás e insisto, o Mal do Século é a solidão.

E digo isso não só pelas crônicas e devaneios de qualquer escritor ou poeta, que insiste em procurar causas pela busca desenfreada do amor, apontando novos perfis de pessoas ou novos perfis de busca. Busca essa que está relacionada literalmente à palavra caça.

Por quê? Explico-lhe já.

As pessoas não estão buscando uma companhia agradável, uma pessoa que possa compartilhar momentos, situações desde rotineiras as mais inusitadas. Não buscam aquele ou aquela que irá lhe acompanhar a última sessão de sábado, um filminho no sofá domingo à noite e até mesmo em uma baladinha pra “balançar” o esqueleto, porque afinal música faz bem pra saúde. Também não buscam a companhia para o passeio no parque, o teatro com aquela peça “alternativa” ou o passeio em alguma livraria, aproveitando para dar uma esticadinha pela Av. Paulista apreciando toda beleza da Selva de Pedra que São Paulo exibe. E nem tão pouco aquela pessoa que irá se calar quando tudo o que você precisa é de silêncio e aconchego, seja porque o dia no trabalho foi exaustivo e cheio de chateações ou simplesmente porque aquele dia é “Um Dia Daqueles”, como retratou muito bem meu estimado escritor Bradley Trevor Greive. E nem tão pouco aquela pessoa que te entende e sabe o que você quer só em te olhar nos olhos...

Não, não é isso que procuram.

O aumento significativo dos encontros casuais, aqueles encontros onde o único propósito é satisfazer as necessidades da carne e do desejo, sem sinergia e encaixe de personalidade, sem as conversas para descobrir o que gostam em comum e o que terão de trabalhar juntos para conviver com as diferenças, sem saber quem são de verdade um ao outro, importando somente saber se ele, ou ela, terá os pré-requisitos que atenderão ao propósito acima citado, é quase que inteiramente responsável pelo fim dos relacionamentos normais, ou dados como anormais agora, mas que eu defendo como princípio e valores pessoais.

E aí, eu te pergunto: Quem é o responsável disso tudo? O homem que exigiu uma mulher mais “quente”? A mulher que descobriu que tinha os mesmos “Direitos” que o homem e usou esse termo para transferi-lo não somente ao trabalho e a família, mas também ao sexo?

Defendo a causa onde nós mulheres não devemos mesmo nos satisfazer em satisfazer um homem, deixando de lado a exigência por atenção, carinho e respeito. Mas não acho legal, nem para um homem, nem para uma mulher, sair por aí “a torto e a direito” com quem quer a hora que quer, sem ao menos se lembrar do nome “do amigo” que esteve com você à noite passada, ou a tarde passada, ou o dia passado... Que seja.

Defendo os relacionamentos monogâmicos, até porque sejamos bem sinceros, é muito, mas muito difícil mesmo, administrar dois ou mais casos por aí, eu pelo menos não conheço ninguém que tenha obtido sucesso na “empreitada”.

E ao final disso tudo, como é verídico, no domingo à noite para não se submeter aos desastrosos programas da TV aberta, você se resume a uma comédia romântica, onde as pessoas curtem, relacionam-se com outras pessoas, surtam, separam-se, curtem mais um pouco e voltam pro “ninho do amor” porque percebe que uma vida sem amor é totalmente sem graça, imaginando se aquela situação um dia acontecerá com você. E aí eu te deixo uma outra pergunta: O que você está fazendo para mudar tudo isso???

Eu quero é mais sair por aí parafrasenado The Cure:

"I don't care if monday's black
Eu não me importo se as segundas são negras
Tuesday, wednesday heart attack
Terça, Quarta ataque do coração
Thursday never looking back
Quinta nunca olhe para trás
It's friday I'm in love
É Sexta-Feira eu estou apaixonado"