terça-feira, 11 de agosto de 2009

Quando os Cristais se Quebram...


... tudo, um dia, acaba!!

Uma palavra mal interpretada ou dita em má hora, um gesto entendido da forma adversa ao intuito, um olhar de canto de olho, uma atitude tomada em um momento de emoção demais, felicidade demais, desejo demais... e de repente um "creep"...

Quebrou. E como todos os cristais que se quebram, nunca voltam a ser os mesmos por mais que se tente juntar os cacos. Muitas vezes, os cristais não quebram de uma vez... Eles começam com um pequeno trinco e passam a ser manuseados de forma cuidadosa e cheia de tatos. De fato imediato, passam a ter mais ou menos valor... depende do ponto de vista.

Os pensamentos são aleatórios... Sobre maneiras corretas de falar, de interpretar surtos, gritos e até mesmo lágrimas. Tentando de certa forma ficar sempre do lado do vidro onde só se vê a esfera, o lado de fora, mudando a forma das coisas a cada rodar da base com as mãos.

E como sempre constante... As ações mudam o caminho, e cada vez mais deixa confusos os pensamentos sobre o que é ou não verdade. Se é que existiu algum dia uma verdade.

Mas não há nada pior do que o estrago que o cristal quebrado faz, ele corta, ele sangra e muitas vezes deixa o vermelho tinto em cima de muitas coisas, as vezes, manchas que são totalmente inapagáveis e cortes que por mais que cicatrizados, sempre doem...

Em uma noite fria, ao ouvir uma música ou sentir um cheiro...


domingo, 9 de agosto de 2009

Metade


Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que triste
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.


Oswaldo Montenegro