sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Saudades


"Palavra mitológica por, segundo muitos, só existir em português."

Até agora, pelos meus conhecimentos de línguas estrangeiras (tenho alguns conhecimentos de termos em inglês, alemão, e um pouco de japonês), esse fato se confirma. Tanto em inglês quanto em alemão, se usa "sinto sua falta", ( respectivamente I miss you e Ich vermiss dich). Em japonês, o mais habitual é se escutar "aitai", que significa "quero te ver". Mas, logicamente, não estou aqui sentada na frente de um computador para explanar meu conhecimento limitado (e bem limitado!) de idiomas do norte, e sim para refletir sobre esse sentimento tão gostoso, e ao mesmo tempo doloroso, que lateja nos devaneios dos mais emotivos, como eu mesma.

É engraçado ver , como se fosse um filme, algumas cenas engraçadas que se passaram com pessoas que não estão mais ao seu redor. Talvez por que morreram, ou porquê se mudaram. Pode até ser também que tenham sido demitidas. Mas mesmo com a distância e com alguma falta de comunicação, as informações ficam latentes como um DVD guardado no armário esperando um momento de ociosidade para ser visto.

Comigo, o momento é sempre o mesmo. Quando chego ao meu quarto tenho que encarar o silêncio, o PC e alguns livros, minhas coisas. Aos poucos essas coisas se transformam num cenário idílico que me faz lembrar de pessoas e momentos bons. Frases que nunca esquecerei. Músicas que marcaram bons momentos.

Tudo passa tão rápido, mas tão profundamente que me parece ser um sonho no qual me imergi por mais de uma vez. Para a morte, não há remédio, assim diga hoje a minha saudade. Mas para os outros "afastadores" de pessoas, há os msn's e orkut's da vida, os instant messengers, que servem à função pela qual foram propostos, que é a comunicação digital, mas que passam todo o seu conteúdo de maneira fria e quase cruel.

Ouvi certa vez em uma música ( Silvermond, Kartenhaus) a seguinte frase "assim como todas as palavras precisam de uma voz, eu preciso de você". Não posso negar que a frase é de uma beleza e força estrondosas. Mas tambem devo ressaltar que, por exemplo, as cartas (ou cartões postais), passam muito "calor" para a mensagem. E não têm voz, apenas palavras.

De certa forma, os tais mensageiros digitais ajudam na manutenção do vínculo com amigos distantes. Isso porque evita que haja a perda de contato de ambas as partes. É mais fácil combinar de ir ao cinema ou ao shopping pelo orkut do que telefonar. É mais prático. Com certeza o destinatário vai receber e ler a mensagem. Não vai haver nenhum barulho irritante de "telefone ocupado".

Mas não pode haver substituição de um telefonema para contar as novidades por um pequeno "scrap" com o resumo dos últimos acontecimentos.

É como dizem: o amor é uma planta que deve ser regada todos os dias. E complemento.: assim também é a amizade.

Por isso agradeço aos meus amigos a presença... e até mesmo a ausência, que fazem real o sentido da tal palavra mitológica.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Plantio


Nem a morte me cala
por isso escrevo
e transponho linguagem
em valas

Vou regando verbos e estrume
para crescer
no que não conheço


poema
ou
insulto



Lau Siqueira

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Esteriótipos [Uma reflexão um tanto quanto pessoal]


Como sempre digo, costumo passear muito por blogs e pelo orkut, e garanto, tem coisas que até Deus duvida! Mas tem muita coisa repetida também, e uma recorrência que tem chamado minha atenção, é a respeito da vitimização que as pessoas com excesso de peso se impõe.

Vivem reclamando que não são assumidas nos relacionamentos, que só as querem para sexo, mas que para construírem laços preferem as pessoas magras, etc, etc... no mesmo tom até a náusea. Então, como pessoa questionadora que sou, perguntei-me: será que é mesmo assim?

É claro que os padrões atuais de beleza estão calçados no utópico mundo das top models, que são magérrimas e elegantíssimas por força da profissão que escolheram, mas, até onde é isso que realmente importa é a pergunta que não quer calar.

Nos meus parcos 24 anos, nunca vi um homem, mesmo os mais inseguros ou imaturos, que prezam demais o olhar da sociedade sobre si, que abrisse mão de estar com uma mulher por quem realmente estivesse apaixonado porque ela fizesse parte de uma ou outra exceção. No fundo, as pessoas não mudaram muito no decorrer dos milênios, a programação humana continua a mesma.

O que move um ser ao outro não é só sua aparência (se fosse assim, não existiriam belos sofrendo por amor!), mas é uma química quase inexplicável, que faz com que sejamos capazes de superar qualquer obstáculo, até mesmo os de nossas convicções mais profundas, para estar junto daquele ser que, naquele momento (ninguém disse que tem que ser eterno!), é todo nosso querer.

Usar o excesso ou falta de peso, cor da pele, tipo de cabelo eu sei lá mais o que, como desculpa para baixa auto-estima é um cruel modo de vitimizar-se, demonstrando imensa imaturidade emocional. Mesmo numa sociedade fútil como a de nossos dias, não dá para tomar esses quesitos como causas reais da infelicidade amorosa de alguém.

Também não é segredo, que para ser amado, antes, o indivíduo precisa se amar, e isso inclui sim, zelar por sua aparência, mas... quem disse que obesidade é sinônimo de feiura? Pode procurar em qualquer dicionário de qualquer língua, não é!

Uma pessoa que se ama, que zela pelo seu bem estar, por sua aparência, por sua saúde física, emocional e psíquica, só fica sozinha se optar por isso, não sofre de solidão, vai ter sempre alguém querendo compartilhar a vida com ela, porque vale a pena. Agora, passar o dia em frente à TV, comendo feito um animal e vestindo bermudas e camiseta de campanha para deputado não ajuda ninguém! Nem magro nem gordo! Deprimir-se com a própria vida é um sério indício de doença psíquica, que deve ser tratada por um profissional competente, não virar desculpa para vitimizar-se cada vez mais.

Existe gente que magoa as outras por aí? Claro que existe, mas essas estão doentes tambem, precisam de tratamento tanto quanto as que se vitimizam pela aparência sem fazer nada para mudá-la. Esses, não merecem nosso crédito.

Para ser amada, a pessoa tem antes que se amar, que se respeitar, que se admirar! Então meus amigos, vamos tentar refletir sobre esse tema, e discutir o que podemos fazer por nós mesmos, para sermos cada vez mais felizes, porque afinal de contas, essa é a única razão para estarmos nesse planeta tão lindo, sermos felizes, naturalmente, como tudo na natureza.

Eu me presenteio, sempre, com livros, cds, roupas, perfumes, acessórios, enfim, com tudo aquilo que gosto e que me deixa feliz.

E vc, o que faz para se deixar feliz?

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Instrospecção


Aloha!

Não sei porquê, mas me deu vontade de começar o post assim. Meio sem nada-a-ver mesmo.

Os motivos do título (há, uma curiosidade: eu sempre começo o post pelo título, contrariando as regras de uma boa escrita, de que o título só vem depois... pra mim vem primeiro. Um dia explico os por quês!), enfim, os motivos: eu parei para ler meu blog hoje, nem sempre fico analisando, normalmente posto e vou fazer meu tour pelos blogs amigos. Hoje foi diferente.

Parei para me ler, sim, me ler.

Oras, ler os outros é fácil, mas se auto-analisar é uma coisa um tanto quanto complicada. Tentei me colocar na pele do meu leitor aos quais defino de amigos da blogosfera e caramba meu( !!!!), cheguei a conclusão que tô "maior" chata! Como ninguém puxou minha orelha (?) para me mostrar que: 1) estava me tornando repetitiva; 2) eu estou postando fossa pura (nas entrelinhas, mas quem me conhece sabe); 3) what a hell eu só falo de mudar. Poxa vida, quando estamos mesmo dispostos a mudar a coisa acontece, realiza, não fica só nas palavras.

Como esse espaço é meu eu posso escrever o que eu quiser, eu sei. E sei também que as vezes não temos palavras para "dizer" a pessoa que ela ta virando uma mala sem alça, ao ponto de ninguém querer ver, neste caso, ler.

Amigos, sintam-se a vontade para as críticas.

Mas voltando aos motivos (que já foram meio explicados), sinto que estou vivendo uma série de introspecções, na verdade a ficha caiu quando estava ouvindo O TM "A fé solúvel" e tem uma parte que ele fala que hoje ele vive em paz sozinho e que outros tantos passarinhos passarão... Pedi para repetir a música. Leiam:

"É... meu computador apagou minha memória/ Meus textos da madrugada/ Tudo o que eu já salvei/ E o tanto que eu vou salvar/ Das conversas sem pressa/ Das mais bonitas mentiras/ Hoje eu não vivo só... em paz/ Hoje eu vivo em paz sozinho/ Muitos passarão/ Outros tantos passarinho..."

O que não é O Teatro Mágico na minha vida? É extamente isso que preciso fazer, apagar as memórias, formatar uma máquina chamada coração. Porque meus caros, garanto-lhes que das últimas lembranças não há nada de bom a ser lembrado. E cada dia, eu tenho mais confirmações disso.

Quem sabe um dia eu não compartilho com vocês a história e o aprendizado?

Estava precisando mesmo dessa instrospecção, desse encontro de migo comigo mesmo. rs*

Mas... eu retomei as rédeas dessa vida. Fiz coisas que eu gostaria a muito tempo fazer: Conhecer "a casa de todas as casas" e olha... a melhor balada de electro que eu já fui até hoje; Comecei a leitura de New Moon - sequência de Crepúsculo, só que o grande desafio, ler em inglês, porquê a versão traduzida da internet está bem mal escrita- e posso assegurá-los que estou amando cada vez mais a história da Bella e do Edward... Pena que ele foi embora... mas ele vai voltar, pelo menos espero nos próximos capítulos.

Estou percebendo o que uma pessoa especial me disse a algum tempo atrás, que nessas horas valorizamos mais os amigos, temos uma visão maior do que eles representam, de quem eles são.

Pow, essa é pra vc, amado:

Do quanto percebemos que pessoas especiais são especiais e pronto. Que pode passar o tempo, que pode se passar histórias, caminhos desencontrados, que uma hora a bifurcação se encontra novamente e que sem esperar, os carinhos, as atitudes e as palavras estão lá. E o olhar de que "saiba que eu estou aqui" faz com que o mundo e seus problemas sejam enfrentados de forma firme, com garra. Faz parecer menos incerto todas as incertezas. Que poucas, não são. O olhar mais lindo que eu já vi, mais sincero. Bem quem tu és. Você é especial, demais!

Para concluir, espero retomar também a idéia de minhas palavras, sem a promessa de que não haverá mais por aqui palavras tristes ou sem rumo, pode até ser que aconteça delas surgirem. Mas uma certeza eu tenho, não será mais pelo mesmo motivo.

Palavra de Escoteiro!!!!
PS: retorno também as visitas e comentários nos meus preferidos!!!!!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Epitáfio


"Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer"


Ouvindo a música Epitáfio, que significa inscrição tumular, percebi que Os Titãs colocaram nessa linda melodia uma reflexão sobre a vida. Não deixe para o epitáfio, escreva hoje a história de sua vida, viva intensamente cada instante, como se não houvesse um amanhã.

Há muito tempo vinha procurando por isso, na verdade sempre pensei, apenas não conseguia parar. De umas semanas para cá venho passando por algumas situações que me fizeram parar, desacelerar um pouco e rever meus conceitos sobre as diversas coisas, sobre a vida. Quem eu era? Quem, quero ser?


"Queria ter aceitado,
As pessoas como elas são,
Cada um sabe a alegria,
E a dor que traz no coração.
O acaso vai me proteger.
Enquanto eu andar distraído.
Enquanto eu andar."

Agucei mais meu olhar sobre as pessoas, consigo olhar, observar as pessoas mais do que elas representam, mesmo aqueles que tenho mais contato, percebi que as conhecia pouco, embora fizesse parte da vida delas não conhecia a história delas...

Consigo perceber em mim a necessidade de um espaço de conexão com a fluidez, com a alegria, com o olhar, um espaço para romper com os tabus, com as discriminações.

Diria aquilo que Rolando Toro (aulas de TGA que valeram a pena) enfatiza em de seus escritos. “Aprender a aprender” estimulando a curiosidade e o interesse no processo de participar na construção do conhecimento.

Ele enfoca dois momentos fundamentais: primeiro “aprender a sentir” para logo “aprender a pensar”. Fico confusa de como tem sido esse processo em mim.

Não terá sido o inverso? Será que existe sentir? Será que existe pensar? Não será simplesmente “decorar”, copiar, movimentos?


"Deveria Ter complicado menos,
E trabalhado menos,
Ter visto o sol se por.
Devia Ter me importado menos,
Com problemas pequenos.
Ter morrido de amor!
Queria ter aceitado a vida
Como ela é"

Depois comecei uma reflexão – “aprender a pensar” no próprio processo de formação, sobre as necessidades de desacelerar, refletir o cotidiano, aguçar o olhar sobre o mundo que nos cerca, sobre os conhecimentos, sobre a eterna pergunta quem sou? O que quero? Para onde vou? Onde quero viver? Com quem quero viver? São reflexões iniciadas nas vivências que realizei de “aprender a sentir”, viver o aqui e agora, a minha vida, rompendo com a dimensão de transmissão de conteúdos, de aprendizados, do que a Jamille viveu até aqui.

Estou esperando uma resposta, com os olhos abertos e o caminho à frente. Preciso dar o primeiro passo. Mudar a direção e ajustar as velas.


"A cada um cabe as alegrias e a tristeza que vier"

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Reticências [...]


Quanta mudança alcança o nosso ser

Posso ser assim, daqui a pouco não.

Quanta mudança alcança o nosso ser,

Posso ser assim daqui a pouco?

Se agregar não é segregar

Se agora for, foi-se a hora

Dispensar não é não pensar

Se saciou, foi-se embora

Quanta mudança....daqui a pouco....

Se lembrar não é celebrar

Dura-lhe a dor, quando aflora

Esquecer não é perdoar

Se consagrou, sangra agora

Tempo de dar colo, tempo de decolar

Tempo de dar colo, tempo de decolar

O que há é o que é

E o que será, nascerá

nasss...será?

Reciclar a palavra, o telhado e o porão

Reinventar tantas outras notas musicais

Escrever um pretexto, um prefácio, um refrão

Ser essência, muito mais

Ser essência muito mais

A porta aberta, o porto, a casa, o caos, o cais

Se lembrar de celebrar muito mais

Se lembrar de celebrar muito mais

A poesia prevalece, a essência , a paz, a ciência

Não acomodar com o que incomoda


(Fernando Anitelli)