sexta-feira, 2 de maio de 2008

Rejeição, Carência e outras cossitas mais...


“Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos, mas apenas a si próprio, e assim mesmo em segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio...”

(Dostoiévski)


A carência é própria do ser humano. Todos queremos ser reconhecidos, valorizados, amados. E, pensando bem, até mesmo os animais querem carinho.

À sua maneira, a Nina, minha cachorra, “choraminga” e exige atenção. É difícil resistir ao seu olhar e gestos. A diferença é que ela não guarda mágoa e mostrará alegria quando, mais tarde, receber o carinho solicitado. Talvez por isso as pessoas prefiram os cães, eles sempre são fiéis e compreensivos, ainda que rejeitados.

O ser humano não suporta a rejeição. Sentir-se rejeitado é ser marcado por toda a vida. Talvez esta seja a fonte do ódio e ressentimentos que muitos cultivam.

Quantos adultos seriam bem melhores se tivessem sido amados na infância? Quanto sofrimento carregamos em nossos corações causados por gestos e palavras impensadas? Quantas marcas teimam em não desaparecer? Quantas feridas insistem em não cicatrizar?

Claro, como diria alguém que conheci: “A culpa é do capitalismo!” Os indivíduos vivem em sociedade e a forma como esta se organiza tende a reforçar determinadas patologias. Uma sociedade que prioriza o TER em lugar do SER imagina suprir o afeto pelo consumismo.

Não é por acaso que os educadores apontam a ausência dos pais como um dos problemas atuais mais prementes. São pais que transformam o amor e o convívio, necessários à formação da personalidade, em bens a consumir. Isso, é claro, entre as camadas com maior poder de consumo.

Vejo um adulto neurótico, rancoroso e infeliz e penso como foi sua infância. É grande a probabilidade de que traga as marcas da rejeição. Muitas vezes, recolhe-se à solidão e ao mundo abstrato dos conceitos e dos livros. Torna-se intragável, chato. Tende a afastar as pessoas, e até mesmo os amigos, da sua companhia. E, na verdade, precisa de ajuda. Como nem sempre é compreendido, adota subterfúgios. É a forma que encontra para resistir.

No fundo, todos somos carentes e carregamos alguma marca de rejeição. Mas nem todos temos a sorte de encontrar as pessoas certas que nos ajudam a superar os sofrimentos do passado ainda presentes em nossas almas. Nem todos temos o privilégio encontrar no amor a segurança necessária para não sucumbir à maldição de Caim. E não me refiro apenas ao amor que une o homem à mulher e vice-versa, mas a todas as formas de amar, inclusive a materna, paterna e a amizade.

Sentir-se rejeitado, é sentir que existem coisas bem mais importantes na vida de alguém. E que naquele momento não há espaço para você.!.!.!

11 comentários:

  1. Bom.. acho que todos são, serão ou já foram rejeitados um dia. Seja por uma pessoa mais distante ou próxima, mesmo que por um momento, em uma atitude.

    Mas quem não se isola, encontra pessoas que podem dar amor, que querem compartilhar amizades, compartilhar sorrisos, alegrias, querem não serem rejeitadas juntas.

    Bjos e um ótimo fim de semana

    "Para estar com alguém, não precisa estar ao lado, basta que esteja dentro."

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  2. É, acho que de carencia eu entendo bem!
    Sou carente d+ nossa, e isso as vezes me faz sofrer mto!

    Belo post!

    Beijo*

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  3. Nem quero falar de carência...
    Tô a um ano nessa situação carente!
    Mas concordo.
    De um jeito ou de outro, ela nos faz sofrer!

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  4. Oiiii Jamille ser rejeitado é pior do que ser odiado... carência todo mundo tem em algum momento da vida, mas logo passa, por que sem duvida, existe pelo menos uma pessoa no mundo que nos ama e isso nos consola... Bjoka e um ótimo fim de semana ;)

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  5. Acho que existem dois sentimentos muito difícies de entendermos: rejeição e impotência.
    Mas concordo com a Adri que existe sempre uma pessoa no mundo que gosta da gente. É fundamental tambem, que eu não me rejeite e me ame.
    Beijos e um fds de muitas alegrias.

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  6. já sofri muito pela rejeição, mais aos poucos eu me supero.Enfim, tá rolando promoção no meu blog e gostaria que você participasse.

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  7. Ih, a última frase foi foda... de doer o coração todo... :(
    beijosssss boa semana

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  8. Titia Jamille sempre genial em seus devaneios. Acertou em cheio já jogando Dostóiévski logo de cara. E cale-se para sempre quem nunca sentiu essa impotência que é reconhecer que necessitamos do carinho e atenção de outras pessoas. Pior ainda, sentir que está faltando carinho e atenção. Como a Lili comentou logo acima, é de doer o coração todo mesmo.

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  9. excelente fuga e devaneio.

    vou degustar mais destas alegorias num futuro próximo.


    apreciado!

    beijos.

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  10. abandonou o blog??? atualizaaaaaaa

    beijos bom feriado!!!!

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  11. OI linda,
    As vezes, a carência, realmente, em haver com a criação, embora, mtas pessoas q crescem cercadas de amor e carinho, tbm se sentem carentes uma hora ou outra...... mas a questão é que apesar de tudo o ser humano se adapta mto facil.....infelismente, por esse motivo, cresce criando um "novo mundo" pra si.....um mundo aonde prefere sufocar as emoções, ignorar os sentimentos bons q possam ter.... e continum deprimidos, tentando buscar respostas pras perguntas existencias básicas do dia-dia rsrsrs... perguntas que q frustrantemente nao conseguem respostas........pq procuram no lugar errado......



    bjus linda, se cuida,

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O uso da palavra define o ser humano. Raramente, num instante de meditação, ficamos livres do pensamento. Uma das nossas características centrais é que falamos quase o tempo todo, não apenas com palavras físicas, mas também mentalmente. Quando não dizemos nada para os outros, estamos dizendo coisas para nós próprios. Quando não escutamos alguém, ouvimos dentro de nós a voz interior das esperanças e anseios que habitam nosso universo pessoal.
Portanto, sintaxe a vontade, para expressar-te aqui!