quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Ausência


É tão estranho
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais.
Quando eu lhe dizia:
"- Me apaixono todo dia
E é sempre a pessoa errada."
Você sorriu e disse:
"- Eu gosto de você também."
Só que você foi embora cedo demais
Eu continuo aqui,
Com meu trabalho e meus amigos
E me lembro de você em dias assim
Um dia de chuva, um dia de sol
E o que sinto não sei dizer.
Vai com os anjos! vai em paz.
Era assim todo dia de tarde
A descoberta da amizade
Até a próxima vez.
É tão estranho
Os bons morrem antes
Me lembro de você
E de tanta gente que se foi
Cedo demais
E cedo demais
Eu aprendi a ter tudo o que sempre quis
Só não aprendi a perder
E eu, que tive um começo feliz
Do resto não sei dizer.
Lembro das tardes que passamos juntos
Não é sempre mais eu sei
Que você está bem agora
Só que este ano
O verão acabou
Cedo demais.


Love In The Afternoon
(Renato Russo
)


Sensações de Déjà Vu presentes dia-a-dia.
Um ciclo vicioso sendo formado e junto com ele as barreiras que impedem o passo seguinte.
Não sei o porque essa semana tenho falado tanto em seu nome.
Recordei-me de pequenos detalhes seu, de quando seu olho passava de azul pra um cinza lindo quando ficava bravo comigo ou com qualquer outra coisa.
E quando essa raiva toda passava, você sorria e me olhava de um jeito que eu nunca soube entender. Aquilo sim, era sinais de amor.
Das nossas conversas de madrugada. Sobre quando eu queria falar e ficava te perguntando:"Cê ainda tá acordado?", e você me respondia: "Claro Jamille, tô aqui.", eu com a minha chatisse, mesmo sabendo que você nunca perderia o interesse em qualquer bobagem que eu dissesse, insistia: "Primeiro, não me chama de Jamille, e me fala o que eu disse, então.", e pacientemente você me dizia palavra por palavra.
Hoje, pela primeira vez, eu me arrependi de verdade por não ter te impedido de partir. Da maneira burra com a qual eu me deixei levar e não ordenar meus pensamentos pelo que era certo. Isso porquê alguns dias antes você havia me dito, como se pudesse prever o meu futuro, o que iria acontecer e como eu iria reagir, a não ser pela única diferença de uma promessa que foi quebrada, você me disse que estaria comigo e seguraria minha mão, assim como fez de outras tantas vezes e de tantas outras maneiras.
Caí na bobagem de acreditar que seria recíproco o que eu estava vivendo na época que te deixei ir. Acreditei nas palavras doces de um olhar amargo. E eu, que tantas vezes disse que o olhar entrega as pessoas, me ceguei por minhas próprias palavras.
Seria mais fácil, talvez, se minhas dúvidas hoje fossem coisas como: Será que ele ainda prefere suco ao invés de refrigerante? Será que ele ainda continua com aquela mania de separar as camisas por cor, por manga e por tecido? Será que ele continua lindo, mesmo quando descabelado e com a gravata larga, demonstrando seu cansaço? Será que a primeira coisa que ele faz quando chega em casa, continua sendo alimentar o peixe betta que fica ao lado do sofá? Será que ele chama outra como me chamava? E que dá a ela preferências que ele nunca cedeu a ninguém? Será que os dois saem de madrugada, procurando a Blockbuster mais próxima, porquê ela perdeu o sono?
Encarar a realidade anda sendo difícil, ter a certeza de que se estás perto de mim, é somente em espírito e memória, dói. Como eu sou a "pedra de gelo" (não era assim que me chamava?) que nunca chora e nunca se arrepende, tá aqui a prova mais que clara de que sim, eu choro, e de que sim, eu me arrependo e mais que isso, eu sinto sua falta.

9 meses, hoje, sem você.

7 comentários:

  1. Teu texto triste me deixou em dúvida. Seria algum amor que foi embora ou algum amor maior, de ente querido, que se vai para sempre?

    Essa saudade, de um jeito ou de outro, é que mais machuca. "Lembrança daquilo tudo que poderia ter sido - e não foi".

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  2. pow Jamille... arrasou com o texto...
    Super triste ele
    A musica do começo me lembra muita coisa...

    força ai!!

    beijão
    te cuida!

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  3. Saudade... tema que nunca cala perante qualquer assunto!
    Saudades de pessoas, tempos, momentos, sentidos, sentimentos... Ahhh saudade!
    Saudade de ter aquele segundo de volta....

    Saudade de vc minha Jajinha!
    Bjos...

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  4. A imagem que crio é a de um caminho que vai se bifurcando ao passo que mais chegamos longe, que na verdade não é o chegar, mas sim o distanciar maior. E chega uma hora que será preciso seguir, e escolher o caminho. Ir ou não ir, esquecer ou persistir?

    E tua angústia é também a angústia de muitos, Lobato.

    Um carinho.
    Continuemos...

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  5. Ahh tive que escrever alguma coisa com essa musica... mtu perfeita mesmo AHUahuhuAHUahu
    espero q não tenha problemas...

    beijoo
    ;)

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  6. Oi Jamille! Nossa, seu texto é triste e ao ler com essa música tocando ao fundo, o deixou mais triste. Parabéns pelo texto!
    Bjos e tenha um ótimo final de semana.

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  7. Oi Jamille

    Eu adoro vários cantores e bandas, mas ídolos musicais eu tenho apenas dois: Marisa Monte e Djavan. Esses dois canta poesias. Palavras musicadas que vão a alma com uma velocidade maior que a da luz.

    Não foi difícil achar o nome para o blog quando criei a primeira versão.Desde o mais belo e melhor acabado álbum da Marisa eu criei um e-mail, que só não tem o Verde, Anil, Amarelo porque ninguém iria lembrar, he he he. Só o Cor de Rosa e Carvão já me traz dificuldades há muito tempo: são mensagens que não chegam porque o E foi esquecido ou o acento posto. Então, na hora de nominar meu diário eletrônico não tive dúvidas. Porém, a segunda versão já existia um Cor de Rosa e Carvão e tive que adpatar. E quando decidi falar ao mundo pela web, a intenção personalizar o espaço. Falar mais de mim e dizer que além de amar Marisa Monte, também sou mulher e negra.

    Que bom que tenha gostado de lá. Apareça quando tiver vontade. Nem sempre estarei de bom humor e verás isso pelas postagens, mas, afinal, aquele espaço é um local de desabafo, que começou para expor meus contos e virou um depósito da minha vida emocional, fruto de um amor não resolvido e não vivido. Fruto de alegrias e tristezas familiares. De saudade de casa e dos amigos. De dificuldades financeiras e vitórias. Ali, como na maioria dos blogs, está meu "infinito particular".

    Gostei do teu espaço também. E tenha calma. Dores de amor levam tempo para cicatrizar. Mas espero que tenha êxito logo. Embora ninguém morra de amor; a gente adoece.

    Bjo no coração

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O uso da palavra define o ser humano. Raramente, num instante de meditação, ficamos livres do pensamento. Uma das nossas características centrais é que falamos quase o tempo todo, não apenas com palavras físicas, mas também mentalmente. Quando não dizemos nada para os outros, estamos dizendo coisas para nós próprios. Quando não escutamos alguém, ouvimos dentro de nós a voz interior das esperanças e anseios que habitam nosso universo pessoal.
Portanto, sintaxe a vontade, para expressar-te aqui!